Sei que
esse papo vai gerar polêmica, mas opinião é que nem bunda, cada um tem a sua e
dá quem quer, certo? =)
Mas o lance
sobre o qual quero comentar é a homenagem feita pelo Red Hot Chilli Pepers no
final do seu show no Rock In Rio. A banda toda vestiu uma camiseta branca com a
silhueta de Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães.
Rafael
morreu em um acidente ano passado no Túnel Acústico na Gávea – Rio de Janeiro.
O túnel estava fechado para manutenção, uma prática comum que ocorre com
freqüência nos principais túneis da cidade. Porém, Rafael aproveitou a
oportunidade pra dar um “rolezin” de skate.
Outro que supostamente
também aproveitou a oportunidade da via fechada para brincar foi Rafael
Bussamra. No caso, a brincadeira teria sido um racha de carro com outro amigo. Bussamra
nega o pega e afirma que não sabia que o túnel estava fechado.
Quis o
destino, porém, que os dois se encontrassem e, naturalmente e infelizmente,
Rafael Mascarenhas acabou morto, atropelado pelo outro.
Ambos
estavam errados e não existe erro pior ou erro menor. O erro do motorista
Rafael não elimina o erro do Rafael skatista. Não que eu não me solidarize com
a morte do menino atropelado, lógico que sim. Mas e se ele atropelasse, com o
skate, uma pessoa que atravessava a via fechada?
O contexto
faz com que transformemos Rafael Mascarenhas numa enorme vítima da
irresponsabilidade do motorista, isentando-o da sua própria responsabilidade.
Também não
quero dizer com isso que a culpa tenha sido da vítima. Evidentemente que não.
Mas é importante sempre avaliar friamente a situação e, nesse caso, na minha
opinião, Rafael Mascarenhas estava muitíssimo errado.
Pelo que
leio, Rafael Mascarenhas era um menino ótimo, cheio de vida, blábláblá. Assim
como milhões de outros que acabam sendo vítimas da violência das cidades, do
trânsito, de uma bala perdida, de um câncer e tudo mais. A vida é assim mesmo e
ninguém é melhor do que ninguém. É preciso estar ligado o tempo todo.
É nesse
ponto que questiono um pouco a tal homenagem feita pelo RHCP a pedido de Cissa
Guimarães, que utilizou de sua influência e contatos para realizar seu desejo.
Imagino o quanto ela deve ter ficado feliz e se emocionado, lembrando do filho
que faria aniversário na data do show, se não me engano, e era um grande fã da
banda.
Sem dúvida
para Cissa, família e amigos, valeu demais. Acho que todo mundo achou uma mega
homenagem. E foi mesmo. Bem legal.
Mas aí eu
me pergunto também se Cissa ou alguém envolvido na rede de relacionamento
responsável por transformar em realidade a homenagem, não poderia, de alguma
forma, ter aproveitado essa oportunidade gigantesca, para chamar a atenção para
alguma situação relacionada. Poderíamos pedir paz no trânsito ou o fim da
impunidade, já que o outro rapaz continua em liberdade. Já que os policiais
liberaram o motorista depois do acidente, lidando de forma totalmente absurda
com um assunto tão grave.
Sei que no
fundo da sua dor, Cissa estava se lixando pra qualquer outra situação que não
fosse apenas se sentir um pouco mais próxima do filho, tirado prematuramente do
seu convívio. Mas ainda assim, daqui da minha posição confortável de quem
assiste tudo como mero expectador, imagino se alguém próximo não poderia ter
dado esse toque. Tenho certeza de que Cissa sairia ainda mais fortalecida ao
contribuir de alguma forma para um debate em âmbito maior sobre temas que
persistem na nossa sociedade e, quem sabe, lá na frente, evitar que outros também
sejam vítimas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário