De tudo que li e ouvi sobre a final de domingo, nada está tão próximo do que penso, quanto o que o jornalista Paulo Cesar Vasconcellos escreveu em seu Blog.
Concordo com o exagero e a já cansativa idéia de um complô contra o Botafogo. Também concordo que, desde o ano passado, o time se descontrola em algumas situações, justamente por se sentir uma eterna vítima de uma suposta máfia do apito. No entanto, é inegável que são muitos erros contra e em situações duvidosas.
Tratarei de apenas dois lances para não me estender, pois acho que tudo que havia pra ser dito, já foi colocado por toda imprensa.
Lance1: primeiro de tempo de jogo, partida ainda empatada sem gols. Leonardo Moura recua uma bola para Bruno, que a segura sem cerimônias... jogo que segue. As quase 90 mil pessoas no Maracanã, maioria flamenguistas, ficaram sem entender. A maioria, lógico, agradeceu aliviada aos céus.
Lance2: segundo tempo, Botafogo vence por um gol. Uma falta para o Flamengo, na Rádio CBN locutores, repórteres e comentaristas sugerem que Leonardo Moura receba o Oscar - é a segunda falta inexistete que o árbitor marca, influenciado pela atuação convincente do lateral. Cruzamento na área e é penalti para o Fla!
Como PC diz, a falta marcada dentro da área, que deu o gol de empate ao Fla, acontece em todo jogo em todos os lances. Marca quem quer, ou não marca quem não quer. E o árbitro "resolve" marcar logo na final contra o Botafogo e dando o gol de empate ao Fla que mais tarde contribuiria para o título.
Só gostaria que a imprensa não fizesse piada da atitude dos jogadores. Concordo que foi exagerada e até descompensada - valia apenas um turno do campeonato - mas ao mesmo tempo, não se pode ignorar tamanho desespero. Há poucos anos atrás tivemos a comprovação de jogos do Campeonato Brasileiro, com manipulação de resultados. Se não me engano, pela promeira vez na história, jogos foram anulados por esse motivo. Sendo assim, não acho a menor graça nas piadas feitas por profissionais. Acho sim, que deveríamos ficar atentos, até pelo histórico da nossa Federação.
A torcida? Ah, torcedores podem brincar a vontade. Mandar emails, fazer piadas e tudo mais. Faz parte do show.
Parabéns ao Fla e que venha o segundo turno.
Seguem dois posts do PC Vasconcellos:
MAIS UMA PARA O FLAMENGO
Mais uma vez o Flamengo conquistou uma Taça Guanabara. Não discuto justiça no futebol, que é coisa que não existe e tampouco merecimento. O título do Flamengo é tão justo quanto seria o do Botafogo. Foi um daqueles jogos eletrizantes e o último lance culminou com uma bola na trave do Flamengo. Méritos para os jogadores do Flamengo e para o técnico Joel Santana e méritos para o Botafogo e também para o Cuca, que lutou até o fim, brigou e soube superar todas as suas limitações.
Pena que um jogo tão emocionante, disputado da forma mais leal possível e por dois times bem armados, novamente tivesse no árbitro uma figura preponderante. Não discuto o pênalti marcado por Marcelo de Lima Henrique até pelo fato de ter existido, mas é óbvio que aquele tipo de lance acontece o tempo inteiro na área. Quando quer, o árbitro marca e quando não quer, ele não marca. Foi o que aconteceu com o árbitro. Se quisesse, ele poderia ter marcado uma falta sobre Túlio, assim como poderia ter marcado o intencional recuo de Leonardo Moura, ainda no primeiro tempo, para o goleiro Bruno.
Noventa minutos tão movimentados mereciam deixar a arbitragem à parte. E no jogo jogado, o Flamengo teve um Ibson cada vez mais dinâmico e o discreto Juan sempre eficiente. Com estes dois jogadores à frente, o Flamengo não teve uma grande atuação mas soube compensar o desempenho irregular com esta incrível dedicação. E pelo lado do Botafogo, o desempenho de Diguinho e Wellington Paulista merece destaque.
O título deixa o Flamengo ainda mais tranquilo para disputar o segundo turno. Consolida a idéia de que o rubro-negro tem um dos melhores elencos do futebol brasileiro e vejam que neste domingo o time mudou com a entraqda de dois reservas: Kleberson e Diego Tardelli, autor do gol que garantiu o título. Vai o Flamengo para o segundo jogo da Libertadores ainda mais encorpado e com a certeza de que é um candidato a estar na final.
Pelo lado do Botafogo, noves fora o lamento de todos, a certeza deixada por esta equipe é que ela não pode se deixar abalar. Jogar no lixo, embora seja difícil, a idéia de que existe um complô contra o clube ou a tentativa deliberada de prejudicar o Botafogo. Não combina com a história do clube. Antes de pensar nestas questões o mais importante é observar que nos últimos três campeonatos estaduais o Botafogo esteve na final. Se deixar abater pela derrota ou sucumbir por erros de arbitragem não combina com a história do clube.
AINDA BEM QUE CHORAM
Esse moços, pobres moços, não ouviram falar da Nara Leão. Dona de uma voz daquelas que te faziam ir para além do horizonte, ela chamava a atenção também pelos joelhos. Vejam como é de um tempo remoto. Os homens olhavam para os joelhos das mulheres, que tomavam picolé e frquentavam tardes dançantes regadas a milk-shakes. Pois estas lembranças me povoaram a cabeça e me deixam pelas tabelas desde o domingo quando vi o Bebeto de Freitas, o Cuca e os jogadores do Botafogo aos prantos.
Não creio que choravam apenas pela derrota para o Flamengo. Acredito que o pranto era mais profundo e não tenho leitura suficiente para desvendar o que determinou aquele desabafo coletivo. Começo pelas lágrimas e pelo comportamento do Bebeto de Freitas. Ainda não cruzei com ninguém _ e nos dois últimos dias estive em duas cidades, dois aeroportos, andei de táxi e caminhei por várias ruas _ que tenha visto no impulsivo comportamento do presidente do Botafogo um gesto que não mereça reparos. Muito pelo contrário. Marreta marretinha, marreto sim é o mínimo que dizem sobre a renuncia que deixaria o Jânio Quadros morto de inveja.
Pois o degas aqui vai na direção contrária, correndo o risco de colisão, e lembra que no DNA do Bebeto de Freitas estão João Saldanha e Heleno de Freitas. Cada um com seu cada um e cada qual com seu cada qual, eles foram brilhantes no que se propuseram a fazer ao longo da agitada existência. Jornalista que se preza tem no João Saldanha um dos seus ídolos e filósofo que olha para a vida também. O Heleno de Freitas, vivo fosse, seria um jogador para a Seleção Brasileira dentro do campo e um concorrente do David Beckham fora dele. Não tenho nenhuma dúvida de que ambos seria capazes de repetirem o gesto do Bebeto.
Ao vê-lo em prantos e renunciando, embora veja exagero e despropósito no gesto, eu respeito por não ter medo de mostrar, ao vivo e a cores para todo o Brasil, a sua dor. Está mais do que na hora de pararmos com esta idéia de que no futebol existem homens sem sentimentos e que o choro só é bem visto nas comemorações. O Bebeto chorou e será lembrado muito mais por isso do que pelo que faz à frente do Botafogo. Até a sua chegada era um paciente terminal deitado no corredor de um hospital com pacientes, sem leito e médicos. Agora, o clube anda para a frente, cabeça erguida e passos firmes. Nem sempre isso é lembrado, mas o choro.....
O choro dos jogadores também é para ser respeitado. Dor é dor e só quando exposta em público é que sai no jornal. Do contrário ninguém toma conhecimento. Se o Botafogo entender o que significou o comportamento dos seus jogadores, ele terá muito a ganhar com isso. O problema reside na compreensão da história. Não foi por conta do pênalti marcado pelo Marcelo de Lima Henriques que o Botafogo foi derrotado pelo Flamengo. Foi por se descontrolar quando algo o desagrada que o time desandou. E aí está o xis do problema. O Botafogo precisa entender que ñão existe complô e que muitas vezes o árbitro vai errar contra e também a favor dele. A sua pior derrota em 2007 não teve nenhuma participação do árbitro, assim como a perda de uma vaga para a Libertadores. Os árbitros não erraram nos empates com o Juventude e com o América de Natal, ambos rebaixados para a Série B.
Passado a dor e a revolta, que caminham de mãos dadas no clube, a hora é de olhar para a frente e entender que as lágrimas do vestiário, bem usadas, podem se transformar no sorriso de amanhã. É só o Botafogo querer. Será que quer?
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