quarta-feira, 21 de abril de 2010

Celebridades virtuais

Tava pensando outro dia - na verdade já pensei nisso várias vezes - que tem gente que leva super a sério esse lance de se tornar famoso. Mesmo que seja num ambiente específico e/ou super restrito.

Muita gente fala que na grande maioria dos casos, uma pessoa é notada por conta do seu carisma, que seria algo que já vem com cada um quando nasce. Eu concordo em parte. Acho que uma pessoa, mesmo que não seja carismática, pode sim se tornar célebre por conta de vários fatores que ela pode desenvolver.

A internet ajuda muito nesse ponto. Muita gente pode mostrar seu trabalho e ser "descoberta" por um público que não teria nunca oportunidade de conhecê-la. Seja por questões geográficas ou pelo pouco espaço que a "grande" mídia daria.

Hoje em dia, o jogo inverteu de tal maneira, que muita gente vem sendo garimpada na internet. Mas mesmo assim são pouquíssimos os "canais" (rádio, tv, revista, jornais etc) que abrem as portas para um desconhecido qualquer, só pelo seu trabalho.

Vejamos então a Rede Record, que juntou uma galera para o Lengendários, seu novo programa ancorado pelo Marcos Mion. Tem um monte de gente bacana, mas não tem ninguém absolutamente desconhecido. Acho que todos já fizeram trabalho em TV, sendo a maioria na MTV.

Enfim, to indo muito longe do que eu queria realmente dizer.

O ponto em questão, é que essa corrida por se tornar "bacana" muitas vezes faz com que as pessoas percam completamente a noção do que são. Aqui no Rio de Janeiro acredito que isso seja potencializado pelo clima provinciando.

Qualquer um pode das uma volta por alguns bares, restaurantes e praias de Ipanema ou Leblon pra sentar ao lado de alguém que aparece na TV. Na cabeça de muita gente isso é um mega status. Pode parecer loucura, mas é verdade.

E tem sempre alguém, que conhece alguém, e aí pronto. Rapidamente vai frequentar uma festinha mais privada, e aí ninguém segura mais essa pessoa. Ela vai marchar forte em direção ao seu objetivo: sair em uma notinha na Revista O Globo, no EGO ou até mesmo um comentário em algum blog "descolado"... por aí vai.

Outra coisa que também ajuda esse clima, é justamente a veia artística da cidade. Como o Rio de Janeiro continua sendo um pólo da produção cultural brasileira, acaba atraindo todo tipo de candidato a músico/ator/modelo/manequim/dj. Essa turma forma uma espécie de coletivo dos futuros "famosinhos". É quando um conhece um jornalistazinho (inho mesmo) que descola uma notinha aqui e fala do amigo, que leva outro amigo pra uma festinha e assim vai. Há uma união geral pela "celebritização" do todo. Daí, um belo dia, o cara consegue chegar ao Baixo Gávea e ser reconhecido, principalmente por outros aspirantes a celebridade. É um ciclo vicioso.

Mas com o advento (esse termo é ótimo!) da internet, foi criado um outro grupo. Os famosos da internet. Não discuto as pessoas que criam uma algo muito engraçada ou apenas caem no gosto da galera por uma ação espontânea ou um trabalho bem feito. Muito pelo contrário, eu acho genial essa turma que com baixo custo e muita criatividade, abrilhanta a produção de conteúdo. Merecem mesmo serem reconhecidos. E o pior, é que esses são os que ganham menos destaque da "imprensa".

Só que esse tal grupo de "caçadores da fama", do qual venho falando, são pessoas que utilizam Orkut, Twitter, Facebook, YouTube e outras ferramentas para simplesmente se tornarem conhecidas. Vamos lá: se você é músico, por exemplo, faz sentido você ter seu MySpace e tudo mais. Você divulga seu trabalho. Agora, se você é advogado, não faz o menor sentido colocar suas fotos ao lado de alguns amigos que estudaram com você no Santo Agostinho e se tornaram conhecidos, só pra que outros achem que você é importante. "Pérálá", né?

E a galera que tem Twitter e só segue pessoas famosas? Nossa mãe, é complexo de quê? Eu sigo algumas pessoas famosas sim, não sigo alguns amigos, e respeito os critérios de escolhe, afinal de contas o Twitter serve como filtro de informações. Mas não seria mais interessante atrair as pessoas por suas ideias, sua criatividade? Não. É mais "bacana" seguir somente pessoas famosas e, mais ainda, tentar a todo custo interagir com elas. Receber uma citação ou ser seguido por uma delas, é quase a realização de um sonho.

Mas o pior é que muitas vezes isso funciona. Eu diria que na mairia das vezes.

Fiz até uma espécie de cartilha pra você que queira experimentar: frequentar a praia no Posto 9, finalizar todas as noites no Diagonal ou na Guanabara, frequentar o Baixo Gávea, estudar na ou ser muito amigo de alguém da PUC, valorizar sempre artistas que estejam naquela linha tênue entre a fama e o ostracismo, publicar vídeos e fotos de encontro com famosos e pseudofamosos e se fazer de difícil em ferramentas como Orkut, Facebook e Twitter.

Certamente isso vai funcionar sim, pois sempre vai ter alguém "menos famoso" que você, interessado em pegar uma carona na sua fama e poder, assim, continuar alimentando esse ciclo que, como eu já falei, é vicioso.

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