"O Dia D" ou "Dia da Decisão" foi o nome de um evento realizado hoje na Enseada de Botafogo, no Rio de Janeiro, e que reuniu mais de 1 milhão de pessoas, segundo informações.
Ao longo do dia, acompanhei pessoas no twitter, facebook e outras ferramentas, indignadas pelos transtornos causados pelo evento, que engarrafou toda cidade em pleno feriado, quando o volume de veículos deveria ser menor e quando justamente as pessoas aproveitam para passear pela cidade.
Concordo com várias reclamações, como estacionamento irregular de diversos ônibus em locais próximos ao evento. Até recebi a informação que os veículos estavam sendo multados, mas sinceramente isso não resolve muito o problema. Afinal, o dinheiro das multas não paga o transtorno dos moradores do local e das pessoas que ficaram presas no trânsito por conta disso. E, sinceramente, essa multa já deveria estar até prevista no contrato entre a empresa de ônibus e os responsáveis pela contratação. Dinheiro, afinal, não é um grande problema nesse caso.
Então, concordo plenamente com as reclamações.
Eduardo Paes, nosso prefeito, apareceu rapidamente para pedir desculpas a população pelo transtorno. Até aí, tudo certo. Era isso mesmo que tinha que fazer. Mas o argumento de que as medidas preventivas para reduzir os impactos que o evento causaria na cidade foram mal dimensionadas por conta de uma informação errada passada pela organização do evento, sinceramente não está com nada.
Quer dizer então que o Senhor Eduardo Paes e toda sua equipe nunca viram um evento realizado pela Igreja Universal do Reino de Deus? Por acaso não fazem ideia do número de fiés no Rio de Janeiro e cidades vizinhas? Não sabem o poder econômico que a Igreja possui? Não sabe o tipo de mobilização que a Igreja consegue imprimir nos seus adeptos? Não sabem a força que possuem com rádios, jornais e a segunda maior audiência da TV no país, com a Rede Record, fora os inúmeros programas da Igreja em horários alugados de outros canais de TV?
Depois de todas essas perguntas, fica a mais grave, na minha opinião. Quer dizer que a nossa Prefeitura se baseia somente em informações concedidas pela organização de um evento, para tomar suas medidas? Ah... então ta bom. Legal saber disso.
Tenho certeza que realmente os organizadores fizeram uma previsão de público muito menor do que o que esperavam de fato. Isso é dispositivo comum utilizado por qualquer evento de grande porte, para que possa ser autorizado. Mas acreditar nisso é outra história, Eduardo Paes e equipe. Até fingir que acredita, ta valendo. Mas baseado em tudo que envolve um evento desse formato, já deveriam prever uma coisa bem maior.
Ainda tem mais. Se não me engano, foi o mesmo Eduardo Paes que, ao longo da sua campanha, afirmou ser criminoso alguém autorizar um evento com mais de 10 mil pessoas em locais como a Enseada de Botafogo. E agora?
Mas enfim, não vim aqui bradar contra nosso Prefeito. Vim aqui reclamar das pessoas que passaram o dia reclamando, e continuam, do tal evento.
Ok, realmente é um absurdo um evento desse tamanho. Causa transtornos múltiplos a todos e a cidade vira um caos. Mas tenho certeza que se fosse um show da Ivete Sangalo, como aliás acontece com frequencia, pelo menos metade dessas pessoas estariam felizes da vida bêbadas pelas ruas de Botafogo ou pegando seus carros que estariam estacionados em locais irregulares desde cedo.
Mas como era um evento da Igreja Universal, da qual inclusive não faço parte, num instante virou um absurdo colossal. Aliás nem eu, nem a grande maioria esmagadora das pessoas que moram na Zona Sul e foram os grandes prejudicados pelo evento, fazemos parte da Igreja. Se fizéssemos, estaríamos lá aproveitando.
O que quero dizer é que nosso egoísmo é que faz toda essa bagunça. "Os fins justificam os meios" e cada um sempre tem uma boa desculpa para justificar suas falhas. Hoje são os evangélicos, amanhã os micareteiros, os funkeiros, pagodeiros, rockeiros, flamenguistas, botafoguenses e por aí vai...
Hoje foi o "Dia da Decisão". Dia 9 de maio é o "Red Bull Air Race".
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